quarta-feira, 4 de abril de 2012

NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

Para entender as novas regras de ortografia será necessário retomar alguns conceitos que talvez tenham se perdido ao longo dos anos escolares.

FONEMAS: Unidades sonoras capazes de estabelecer diferenças de significado. Sons representados pelas letras.

LETRAS: Sinais gráficos criados para a representação escrita da língua.

VOGAL: São fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Desempenham o papel de núcleo silábico.

SEMIVOGAL: Não desempenham o papel de núcleo silábico. Em outras palavras: as semivogais necessariamente acompanham alguma vogal com a qual formam uma sílaba.

CONSOANTE: Para a produção das consoantes, a corrente de expirada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela cavidade bucal. Isso faz com que sejam verdadeiros “ruídos”, incapazes de atuar com núcleos silábicos.

ENCONTROS VOCÁLICOS: São agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias.

a) Hiato: é o encontro de duas vogais num vocábulo, como  em saída (sa-í-da). Os hiatos são sempre separados quando da divisão silábica.

b)Ditongo: é o encontro de uma vogal com uma semivogal ou de uma semivogal com uma vogal; em ambos os casos, vogal e semivogal pertencem obviamente a uma mesma sílaba.

Vogal + semivogal: ditongo decrescente (moita; cai)

Semivogal + vogal: ditongo crescente (pátria; sério)

Oral: todos os apresentados até agora.

Nasal: mãe; pão; cão.

c) Tritongo: é a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre nessa ordem. O tritongo pertence a uma única sílaba. (Paraguai – oral; quão – nasal).

ENCONTROS CONSONANTAIS: é o agrupamento de duas ou mais consoantes sem uma vogal intermediária.

a) consoante + l ou r – são encontros que pertencem a uma mesma sílaba. (prato; blusa; treino; atleta; crise; franco)

b) duas consoantes pertencentes a sílabas diferentes – é o que acontece em ab-di-car; sub-so-lo; ad-vo-ga-do; al-ge-ma; ad-mi-tir; cor-te.

c) há grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos e são, por isso, inseparáveis: pneu-mo-nia; psi-co-se; gno-mo.

DÍGRAFO: ocorre quando duas letras são utilizadas para representar um único fonema.

a) dígrafos consonantais: ch; lh; nh; rr; ss; sc; sç; xc; xs; gu; qu.

b) dígrafos nasais: am e an; em e en; im e in; om e on; um e un.

FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

As palavras são divididas em partes menores que são responsáveis por sua formação e as principais são:

a) radical: é a parte fixa da palavra, que nunca sofre alteração.

b) afixos: são aquelas partes da palavra que não são fixas, que são acrescentadas ao radical.

Além desses conceitos, você precisa saber algumas informações sobre a tonicidade das palavras. Para isso, assista à apresentação abaixo.

Agora você será capaz de entender todas as regras que foram criadas, alteradas ou mantidas pelo Novo Acordo Ortográfico.


Lembre-se de que nosso prazo para nos apropriarmos dessas regras já está próximo do fim: temos até o dia 1 de Janeiro de 2013.




NOVA REGRA
REGRA ANTIGA
COMO SERÁ
ALFABETO

O alfabeto agora é formado por 26 letras
O ‘k’, ‘w’ e ‘y’ não eram consideradas letras do nosso alfabeto
Essas letras serão usadas em siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus derivados. Exemplos: km, watt, Byron, byroniano
TREMA

Não existe mais o trema em língua portuguesa. Apenas em casos de nomes próprios e seus derivados, por exemplo: Müller, mülleriano
agüentar, conseqüência, cinqüenta, qüinqüênio, frqüência, freqüente, eloqüência, eloqüente, argüição, delinqüir, pingüim, tranqüilo, lingüiça
aguentar, consequência, cinquenta, quinquênio, frequência, frequente, eloquência, eloquente, arguição, delinquir, pinguim, tranquilo, linguiça
ACENTUAÇÃO

Ditongos abertos (ei, oi) não são mais acentuados em palavras paroxítonas
assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, panacéia, Coréia, hebréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio, heróico, paranóico

OBSERVAÇÕES:
• nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis.
• o acento no ditongo aberto ‘eu’ continua: chapéu, véu, céu, ilhéu.
assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, panaceia, Coreia, hebreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico

O hiato ‘oo’ não é mais acentuado
enjôo, vôo, corôo, perdôo, côo, môo, abençôo, povôo
enjoo, voo, coroo, perdoo, coo, moo, abençoo, povoo
O hiato ‘ee’ não é mais acentuado
crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem, relêem, revêem
creem, deem, leem, veem, descreem, releem, reveem
Não existe mais o acento diferencial em palavras homógrafas
pára (verbo), péla (substantivo e verbo), pêlo (substantivo), pêra (substantivo), péra (substantivo), pólo (substantivo)





para (verbo), pela (substantivo e verbo), pelo (substantivo), pera (substantivo), pera (substantivo), polo (substantivo)
OBSERVAÇÃO
• o acento diferencial ainda permanece no verbo ‘poder’ (3ª pessoa do Pretérito Perfeito do Indicativo – ‘pôde’) e no verbo ‘pôr’ para diferenciar da preposição ‘por’      
Não se acentua mais a letra ‘u’ nas formas verbais rizotônicas, quando precedido de ‘g’ ou ‘q’ e antes de ‘e’ ou ‘i’ (gue, que, gui, qui)
argúi, apazigúe, averigúe, enxagúe, enxagúemos, obliqúe
argui, apazigue,averigue, enxague, ensaguemos, oblique
Não se acentua mais ‘i’ e ‘u’ tônicos em paroxítonas quando precedidos de ditongo
baiúca, boiúna, cheiínho, saiínha, feiúra, feiúme
baiuca, boiuna, cheiinho, saiinha, feiura, feiume
HÍFEN

O HÍFEN NÃO É MAIS UTILIZADO em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por ‘r’ ou ‘s’, sendo que essas devem ser dobradas
ante-sala, ante-sacristia, auto-retrato, anti-social, anti-rugas, arqui-romântico, arqui-rivalidae, auto-regulamentação, auto-sugestão, contra-senso, contra-regra, contra-senha, extra-regimento, extra-sístole, extra-seco, infra-som, ultra-sonografia, semi-real, semi-sintético, supra-renal, supra-sensível

OBSERVAÇÃO:
• em prefixos terminados por ‘r’, permanece o hífen se a palavra seguinte for iniciada pela mesma letra: hiper-realista, hiper-requintado, hiper-requisitado, inter-racial, inter-regional, inter-relação, super-racional, super-realista, super-resistente etc.
antessala, antessacristia, autorretrato, antissocial, antirrugas, arquirromântico, arquirrivalidade, autorregulamentação, contrassenha, extrarregimento, extrassístole, extrasseco, infrassom, inrarrenal, ultrarromântico, ultrassonografia, suprarrenal, suprassensível

O HÍFEN NÃO É MAIS UTILIZADO em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal
auto-afirmação, auto-ajuda, auto-aprendizagem, auto-escola, auto-estrada, auto-instrução, contra-exemplo, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-expressionista, neo-imperialista, semi-aberto, semi-árido, semi-automático, semi-embriagado, semi-obscuridade, supra-ocular, ultra-elevado
autoafirmação, autoajuda, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, contraexemplo, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiautomático, semiárido, semiembriagado, semiobscuridade, supraocular, ultraelevado

OBSERVAÇÕES:
Observações:
• esta nova regra vai uniformizar algumas exceções já existentes antes: antiaéreo, antiamericano, socioeconômico etc.
• esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por ‘h’: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, semi-herbáceo etc.
AGORA UTILIZA-SE HÍFEN quando a palavra é formada por um prefixo (ou falso prefixo) terminado em vogal + palavra iniciada pela mesma vogal
antiibérico, antiinflamatório, antiinflacionário, antiimperialista, arquiinimigo, arquiirmandade, microondas, microônibus, microorgânico

OBSERVAÇÕES:
• esta regra foi alterada por conta da regra anterior: prefixo termina com vogal + palavra inicia com vogal diferente = não tem hífen; prefixo termina com vogal + palavra inicia com mesma vogal = com hífen
• uma exceção é o prefixo ‘co’. Mesmo se a outra palavra inicia-se com a vogal ‘o’, NÃO utliza-se hífen.
anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista, arqui-inimigo, arqui-irmandade, micro-ondas, micro-ônibus, micro-orgânico

NÃO USAMOS MAIS HÍFEN em compostos que, pelo uso, perdeu-se a noção de composição
manda-chuva, pára-quedas, pára-quedista, pára-lama, pára-brisa, pára-choque, pára-vento
mandachuva, paraquedas, paraquedista, paralama, parabrisa, parachoque, paravento

OBSERVAÇÃO:
• o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e constiui unidade sintagmática e semântica, mantendo o acento próprio, bem como naquelas que designam espécies botânicas e zoológicas: ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor, erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi etc
O USO DO HÍFEN PERMANECE
• Em palavras formadas por prefixos ‘ex’, ‘vice’, ‘soto’: ex-marido, vice-presidente, soto-mestre
• Em palavras formadas por prefixos ‘circum’ e ‘pan’ + palavras iniciadas em vogal, M ou N: pan-americano, circum-navegação
• Em palavras formadas com prefixos ‘pré’, ‘pró’ e ‘pós’ + palavras que tem significado próprio: pré-natal, pró-desarmamento, pós-graduação
• Em palavras formadas pelas palavras ‘além’, ‘aquém’, ‘recém’, ‘sem’: além-mar, além-fronteiras, aquém-oceano, recém-nascidos, recém-casados, sem-número, sem-teto

NÃO EXISTE MAIS HÍFEN
• Em locuções de qualquer tipo (substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais): cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar, cartão de visita, cor de vinho, à vontade, abaixo de, acerca de etc.
• Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à queima-roupa.

CONSOANTES NÃO PRONUNCIADAS
Fora do Brasil foram eliminadas as consoantes não pronunciadas
acção, didáctico, óptimo, baptismo
ação, didático, ótimo, batismo




VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS


capoliglota
A língua portuguesa apresenta variações que estão relacionadas à região, ao nível social e à faixa etária do falante.


Variação diatópica


dia: através de, por meio de, por causa de.


topos: radical grego que significa lugar.


-ico: sufixo grego que forma adjetivo.


Cada região tem seu conjunto mais ou menos homogêneo de características fonéticas, um sotaque próprio que dá traços distintivos ao fanate nativo.


Fonética: o "s" chiante do carioca;
Morfológica: Em Curitiba, penal significa estojo. Na Bahia, cheiro é o mesmo que carinho.
Sintática: "tu já estudaste Química?" (Maranhão, Espírito Santo e Rio Grande do Sul).


Variação diastrática 



dia: através de, por meio de, por causa de.


estrato: radical latino que significa camada.



-ico: sufixo grego que forma adjetivo.


Essas distinções tocam diretamente algumas formas da língua reproduzidas pela escola e sustentadas na escrita, pois se acredita que, quanto mais alta a classe social do falante, maior seu contato com a norma padrão.


Fonética: "adevogado"; "bicicreta"; "peneu".
Morfológica: "presunto": seria uma pessoa assassinada.
Sintática: "menas percas".


Variação diafásica


dia: através de, por meio de, por causa de.


phasys: expressão


-ico: sufixo grego que forma adjetivo.


Essas diferenças correspondem ao uso da língua por pessoas de diferentes faixas etárias, fazendo com que, por exemplo, uma criança apresente uma linguagem diferente da de um jovem, ou de um adulto. Ao longo da vida, as pessoas vão alternando diferentes modos de falar conforme passam de uma faixa etária para outra. Também diz respeito à situação (formal / informal).


Fonética: "véio".
Morfológica: "presunto" ( dito numa situação de descontração, significando pessoa assassinada).
Sintática: encontrei ele, ao invés de encontrei-o.


Referência Bibliográfica: http://blog.educacional.com.br













SENTIDO DENOTATIVO E SENTIDO CONOTATIVO

Considere as palavras destacadas nestes dois enunciados:


1. Pela janela aberta, refletia-se, no espelho da sala, a paisagem do quintal.


2. No espelho do córrego, bailam borboletas bêbadas de sol.
         Carlos Drummond de Andrade




Em 1, a palavra destacada apresenta -se em seu sentido usual, comum. O contexto de que ela faz parte possibilita-nos entender espelho como um "objeto de vidro polido que reflete imagens". Dizemos, por isso, que essa palavra está empregada em seu sentido denotativo ou literal. 


Em 2, um novo contexto leva-nos a interpretar de outra forma a palavra espelho. A expressão "do córrego" traz uma informação que nos auxilia a entender espelho como "superfície plana e brilhante da água". Dizemos então que, nesse caso, espelho tem sentido conotativo ou figurado


Ainda no enunciado 2, as duas outras palavras destacadas também têm sentido conotativo: bailam evidentemente não significa que as borboletas movimentam o corpo ao som de uma música, e sim que elas voam de forma delicada, suave; bêbadas, por sua vez, é uma referência ao voo aparentemente confuso e sem rumo das borboletas.


Essas comparações mostram que as palavras podem apresentar diferentes sentidos, dependendo do contexto em que ocorrem. Assim, temos:


Sentido Denotativo: literal, comum; aquele que exprime a significação usual da palavra.


Sentido Conotativo: figurado; dependente de um contexto particular.


Referência Bibliográfica: Novas palavras, nova edição / Emília Amaral, Mauro Ferreira do Patrocínio, Ricardo Silva Leite, Severino Antônio Moreira Barbosa. - 1. ed. - São Paulo: FTD, 2010. - (Coleção Novas Palavras, nova edição; v. 1)