quinta-feira, 9 de agosto de 2012

ASPECTOS ESTRUTURAIS DO POEMA



ASPECTOS ESTRUTURAIS DO POEMA
    
 Versificação:  É o conjunto de normas que ensinam  a fazer poemas belos e perfeitos segundo o  conceito dos antigos gregos. Para eles, beleza e perfeição são sinônimos de trabalhoso, detalhado, complexo e tudo aquilo que segue a um modelo, a um conjunto de normas. É, assim, a técnica ou a arte de fazer versos.
      Verso é cada uma das linhas que compõem um poema, possui número determinado de sílabas poéticas (métrica), agradável movimento rítmico (ritmo) e musicalidade (rima).
    
O conjunto de versos compõe uma estrofe, que pode ser:
 1. Monóstico: estrofe com um verso;
2. Dístico:  estrofe com dois versos;
3. Terceto:  estrofe com três versos;
4. Quarteto:  estrofe com quatro versos (ou quadra);
5. Quintilha: estrofe com cinco versos;
6. Sextilha: estrofe com seis versos;
7. Septilha: estrofe com sete versos;
8. Oitava: estrofe com oito versos;
9. Nona: estrofe com nove versos;
10. Décima: estrofe com dez versos.
Mais de dez versos: estrofe Irregular.
    
     O verso que se repete no início de todas as estrofes de um poema chama-se ANTECANTO e o que se repete no final, BORDÃO. O conjunto de versos repetidos no decorrer do poema chama-se ESTRIBILHO ou REFRÃO.
    
  Métrica é a medida ou quantidade de sílabas que um verso possui. A divisão e a contagem das sílabas métricas de um verso são chamadas de ESCANSÃO, que não é feita da mesma forma que a divisão e contagem de sílabas normais, pois, segundo a Versificação:

1) Separam-se e contam-se as sílabas de um verso até a última sílaba tônica desse verso.
Ex: Es|tou | dei|ta|do | so|bre| mi|nha| ma|la
      1      2         3    4    5      6     7     8     9      10 

2) Quando duas ou mais vogais se encontram no fim de uma palavra e começo de outra, e podem ser pronunciadas simultaneamente, unem-se numa só sílaba métrica.  Quando essas vogais são diferentes, o processo chama-se elisão e quando são vogais idênticas, crase.
Ex: E|la+es|ta|va|só (Elisão) e  fo|ge+e|gri|ta Crase)
        1      2     3    4    5                   1      2       3  

3) Geralmente, como acontece na divisão silábica normal, os elementos que formam um ditongo não podem ser separados e os elementos que formam um hiato devem ser separados na escansão de um verso. No entanto, se o poeta precisar separar os elementos de um ditongo (diérese) ou unir os de um hiato (sinérese), ele tem LICENÇA POÉTICA para que sua métrica dê certo. O mesmo acontece se ele precisar contar também até a última sílaba átona do verso.
     
Quanto à Métrica, um verso pode ser:
1. Monossílabo: verso com apenas uma sílaba;
2. Dissílabo: verso com duas sílabas;
3. Trissílabo: verso com três sílabas;
4. Tetrassílabo: verso com quatro sílabas;
5. Pentassílabo: verso com cinco sílabas, também chamado REDONDILHA MENOR;
6. Hexassílabo: verso com seis sílabas;
7. Heptassílabo: verso com sete sílabas, também chamado REDONDILHA MAIOR;
8. Octossílabo: verso com oito sílabas;
9. Eneassílabo:  verso com nove sílabas;
10. Decassílabo: verso com dez sílabas, também chamado de HEROICO;
11. Hendecassílabo: verso com onze sílabas;
12. Dodecassílabo: verso com doze sílabas, também chamado de ALEXANDRINO.

     Ritmo é o resultado da regular sucessão de sílabas tônicas e átonas de um  verso. Para os gregos, ele é um elemento melódico tão essencial para o  poema  quanto para a Música.
     O ritmo é binário ascendente quando há um som fraco seguido de um forte (fraco/FORTE): “A|nu|vem|guar|da+o|pran|to”
(Alphonsus de Guimaraens)

     O ritmo é binário descendente quando há um som forte seguido de um fraco (FORTE/fraco): “Te|nho|tan|ta|pe|na “ (Fernando Pessoa)

O ritmo é ternário ascendente quando há dois sons fracos seguidos de um forte (fraco/fraco/FORTE): “Tu|cho|ras|te+em|pre|sem|ça |da|mor|te”
(G. Dias)

O ritmo é ternário descendente quando há um som forte seguido de dois sons fracos (FORTE/fraco/fraco):
    “Fá|ti|ma|diz|que|não|to|ma|nem|pí|lu|la” (D.Pignatári)

     Os versos que não seguem as normas da Versificação quando à métrica e/ou ao ritmo são chamados de VERSOS LIVRES.
     
 Som ou RIMA também é para os antigos um elemento essencial para que um poema seja uma POESIA. A rima é a identidade e/ou semelhança sonora existente entre a palavra final de um verso com a palavra final de outro verso na estrofe. Foneticamente, uma rima pode ser perfeita - se houver identidade entre as terminações das palavras que rimam (neve/leve) – ou imperfeita, se houver apenas semelhança (estrela/vela). Morfologicamente, a rima é pobre quando as palavras que rimam pertencem à mesma classe gramatical (coração/oração), e rica quando as palavras que rimam pertencem a  classes gramaticais diferentes (arde/covarde).
      Quanto à posição na estrofe, as rimas podem ser classificadas como:

a) emparelhadas ou paralelas (aabb)     
    “Vagueio campos noturnos    a          
     Muros soturnos                a           
     Paredes de solidão             b            
     Sufocam minha canção.”           b              
     (Ferreira Gullar)                                                 

b) cruzadas ou alternadas (abab)
“Se o casamento durasse      a
Semanas, meses fatais          b
Talvez eu me balançasse        a
Mas toda a vida... é demais!”       b
(Afonso Celso)

c) opostas, intercaladas ou interpoladas (abba)
     “Não sei quem seja o autor     a
     Desta sentença de peso          b
     O beijo é um fósforo aceso      b
     Na palha seca do amor!”              a       
(B. Tigre)

d) continuadas: consiste na mesma rima por todo o poema.

e) misturadas: são as rimas que não seguem esquematização regular.

f) VERSOS BRANCOS: são os do poema sem rima.

     Fazem parte do estudo do som ou rimas as FIGURAS DE HARMONIA OU DE EFEITO SONORO: aliteração, assonância, onomatopéia, paronomásia, parequema e o eco ou rima coroada.

POEMAS DE FORMA FIXA
      Alguns poemas apresentam forma fixa, o que já indica a preocupação formal do poeta em relação à sua obra e, assim, que ele segue à risca as normas da Versificação no momento da sua elaboração. São eles:

. Soneto: poema formado por dois quartetos e dois tercetos, normalmente composto por versos decassílabos e de conteúdo lírico;
. Balada: poema formado por três oitavas e uma quadra;
. Rondel: poema formado por duas quadras e uma quintilha;
. Rondó: poema com estrofação uniforme de quadras;
. Vilanela: poema formado por uma quadra e vários tercetos.
      Assim, para os clássicos, a obediência às normas ou técnicas aqui expostas é um dos itens mais importantes na classificação de um POEMA como POESIA.   



Esse conteúdo foi retirado do site www.educacional.com.br.

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