A intertextualidade é uma espécie de conversa entre
textos; esta interação pode aparecer explicitamente diante do leitor ou estar
em uma camada subentendida, nos mais diferentes gêneros textuais. Para
compreender a presença deste mecanismo em um texto, é necessário que a
pessoa detenha uma experiência de mundo e um nível cultural significativos.
O intertexto
só funciona quando o leitor é capaz de perceber a referência do autor a outras
obras ou a fragmentos identificáveis de variados textos. Este recurso assume
papéis distintos conforme a contextura na qual é inserido. A pressuposta cultura geral
relacionada ao uso deste mecanismo literário deve, portanto, ser dividida entre
autores e leitores.
E não há limite para as esferas do conhecimento que podem ser acessadas
tanto pelo produtor do texto, quanto por seu receptor. Isto significa que o
intertexto não está somente ligado ao contexto literário. Ele pode estar
presente na pintura, a qual pode interagir com uma foto produzida séculos
depois; na publicidade, quando, por exemplo, o ator que anuncia o
Bom Bril está trajado como a Mona Lisa, criada por Leonardo da
Vinci.
No caso desta propaganda, o intérprete compara a forma como o ‘Mon
Bijou” deixa a roupa bem limpa e perfumada, com a criação de uma obra-prima,
alusão à criação de da Vinci. Seu idealizador, portanto, faz uma analogia entre
o produto que deseja vender e a elaboração de uma imagem pictórica, levando ao
consumidor a possibilidade de se atualizar culturalmente.
Há pelo menos sete tipos de intertextualidade. A Epígrafe é um pequeno
trecho de outra obra, ou mesmo um título, que apresenta outra criação,
guardando com ela alguma relação mais ou menos oculta. A Citação é um fragmento
transcrito de outro autor, inserido no texto entre aspas.
A Paráfrase é a réplica de um escrito alheio, posicionado em um uma obra
com as palavras de seu autor. Este deve, portanto, esclarecer que o trecho
reproduzido não é de sua autoria, citando a fonte bibliográfica pesquisada, a
fim de não cometer plágio. A Paródia é
uma distorção intencional de outro texto, com objetivos críticos ou irônicos.
O Pastiche é a imitação rude de outros criadores – escritores, pintores,
entre outros – com intenção pejorativa, ou uma modalidade de colagens e
montagens de vários textos ou gêneros, compondo uma espécie de colcha de
retalhos textual. A tradução se insere na esfera da intertextualidade porque o
tradutor recria o texto original.
A Referência é o ato de se mencionar determinadas obras, de forma direta
ou indireta. A
Alusão é uma figura de linguagem que se vale da referência ou da
citação de um evento ou de uma pessoa, concreta ou integrante do universo da
ficção, denominada interlocutor. Ela é igualmente conhecida como ‘intertextualidade’
ou ‘polifonia’.
O intertexto, portanto, não se refere apenas a textos literários, mas
também a músicas, imagens – vídeos, filmes, todos os recursos visuais. Assim,
em uma composição musical, no lançamento cinematográfico, na animação que se assiste em casa, na
publicidade, nas pinturas e outras artes plásticas, enfim, em todas as
linguagens artísticas, está presente a intertextualidade.
FONTE: http://www.infoescola.com/redacao/intertexto/ (por Ana Lúcia Santana)
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